Já parou para se perguntar, leitor, que coisa é o tempo? A resposta é menos surpreendente do que porventura possa parecer. No sentido mais estrito, o tempo nada é senão a dimensão em que o movimento se dá, sendo, portanto, uma decorrência dele, assim como o espaço é a dimensão em que a matéria existe, dela sucedendo. No uso vulgar, tempo e movimento se misturam. Quando perguntamos "quanto tempo se passou?", queremos na verdade saber quanto movimento ocorreu, porque, se não houvesse movimento, não haveria tempo, e se não há tempo, não faz sentido perguntar quanto dele se passou, nem ao menos poderíamos fazê-lo. Com efeito, o tempo, sendo simplesmente a dimensão que o movimento pressupõe, não possui a característica de existir em maior ou menor quantidade. O tempo simplesmente é. Para ajudar a ilustrar este ponto, imaginem um gráfico em que houvesse exposta a quantidade de pessoas em uma casa. Não importa saber a que horas exatamente esta quantidade aumenta ou diminui, mas simplesmente representar a modificação de uma variável em um quadro temporal limitado. Num primeiro momento, temos uma única pessoa, depois duas, depois uma de novo. Na forma de um gráfico, teríamos duas dimensões: uma vertical, representando a quantidade de pessoas, e outra horizontal, representando os momentos no tempo em que as variações ocorreram. Vejam que a única coisa que se modifica quantitativamente é o número de pessoas. Não existe "mais tempo" no momento em que a quantidade de pessoas na casa passa de 2 para 1, assim como não existe "menos tempo" no momento em que ela passa de 1 para 2. O tempo é, simplesmente, o pressuposto apriorístico do movimento, e sempre que medimos o tempo, medimos na verdade a quantidade de movimento que se processou em relação a um determinado referencial.
Isto se torna evidente pelo fato de que, quando medimos o tempo, sempre o medimos em relação a um referencial que é, evidentemente, local. Quando queremos, mesmo sem o acesso a relógios, ter alguma noção das horas, recorremos ao nosso "relógio interno", que conta a passagem do tempo com base na nossa própria percepção subjetiva da sucessão temporal. A experiência demonstrará que duas pessoas diferentes nunca experimentarão a passagem do tempo de forma absolutamente idêntica, e a razão disto é porque o referencial em relação ao qual a passagem do tempo é sentida não é o mesmo para ambas as pessoas. Desta forma, mais tempo pode se passar para um ao passo que menos tempo pode se passar para o outro, isto é, mais movimento (do pensamento, da sensibilidade, das funções fisiológicas etc.) pode ocorrer em um do que há de ocorrer no outro, revelando a subjetividade desta maneira de medir o tempo justamente aquilo em que insistimos anteriormente, a saber, que não é o tempo que se adiciona ou subtrai, constituindo maiores ou menores somas, é, alternativamente, o movimento que ocorre em quantidades que são maiores ou menores. O tempo, diferentemente, existe em nossas mentes sobretudo como criação das capacidades da memória e do entendimento, nascido a partir da operação mental de fusão da experiência presente, da recordação do que se processou e da expectativa do que há de acontecer que, unidos em uma coisa só, formam uma linha infinita de sucessões e causalidades que se estende de um passado infinitamente pregresso até um futuro infinitamente longínquo. Assim, não há, absolutamente, nem mais tempo decorrido, nem mais movimento ocorrido em um momento que é posterior ao outro, já que, em uma linha do tempo infinita, qualquer momento que nela se encontre há de ter sido precedido por uma extensão infinita de tempo, mas, antes, recorda-se, no total, mais movimento ocorrido naquele momento do que neste, porque, quando comparado com o momento posterior, o momento anterior ainda está parcialmente por ocorrer.
Consequentemente, se desta linha do tempo infinita, composta de ilimitadas sucessões temporais, dispostas causalmente, retiramos arbitrariamente um trecho, cortando-a em dois pontos, podemos considerar, embora ilusoriamente, que há mais movimento ocorrido em um momento do tempo que é posterior ao outro, embora a própria noção de que há momentos posteriores e anteriores seja em si mesma enganosa, porque se todos os momentos são precedidos por infinitos momentos, isto é, se todos os momentos são igualmente precedidos por uma quantidade infinita de tempo, então não há, efetivamente, momentos posteriores e momentos anteriores. Ora, é evidente que esta distinção só é possível mediante o estabelecimento por deliberação de um ponto a ser tomado como o início de uma determinada marcação do tempo, mas uma vez que ele é definido e se ignora a infinitude do tempo, podem-se constatar velocidades diferentes de movimentos distintos, isto é, em uma determinada quantidade de tempo - ou seja, simultaneamente à ocorrência de uma certa quantidade de movimento - há maiores ou menores quantidades de outros movimentos. É isto o que significa a relatividade do tempo. O que pela ciência nos foi revelado ser relativo não é, portanto, o tempo entendido propriamente, mas o movimento ou, antes, um determinado referencial que existe enquanto realidade subjacente por detrás de todo movimento. É o próprio movimento, pelo menos de uma região específica do cosmos, que, ocorrendo de maneira sincrônica, obedece a um determinado ritmo que se desdobra, por sua vez, dos princípios constitutivos mais básicos do universo. Em outras palavras, tudo aquilo que é capaz de mover-se poderá se mover a diferentes velocidades. Ora, isto é óbvio! Se é o próprio universo ou a mente de um rato que o faz, pouco importa. (Ivan Preuss)
Isto se torna evidente pelo fato de que, quando medimos o tempo, sempre o medimos em relação a um referencial que é, evidentemente, local. Quando queremos, mesmo sem o acesso a relógios, ter alguma noção das horas, recorremos ao nosso "relógio interno", que conta a passagem do tempo com base na nossa própria percepção subjetiva da sucessão temporal. A experiência demonstrará que duas pessoas diferentes nunca experimentarão a passagem do tempo de forma absolutamente idêntica, e a razão disto é porque o referencial em relação ao qual a passagem do tempo é sentida não é o mesmo para ambas as pessoas. Desta forma, mais tempo pode se passar para um ao passo que menos tempo pode se passar para o outro, isto é, mais movimento (do pensamento, da sensibilidade, das funções fisiológicas etc.) pode ocorrer em um do que há de ocorrer no outro, revelando a subjetividade desta maneira de medir o tempo justamente aquilo em que insistimos anteriormente, a saber, que não é o tempo que se adiciona ou subtrai, constituindo maiores ou menores somas, é, alternativamente, o movimento que ocorre em quantidades que são maiores ou menores. O tempo, diferentemente, existe em nossas mentes sobretudo como criação das capacidades da memória e do entendimento, nascido a partir da operação mental de fusão da experiência presente, da recordação do que se processou e da expectativa do que há de acontecer que, unidos em uma coisa só, formam uma linha infinita de sucessões e causalidades que se estende de um passado infinitamente pregresso até um futuro infinitamente longínquo. Assim, não há, absolutamente, nem mais tempo decorrido, nem mais movimento ocorrido em um momento que é posterior ao outro, já que, em uma linha do tempo infinita, qualquer momento que nela se encontre há de ter sido precedido por uma extensão infinita de tempo, mas, antes, recorda-se, no total, mais movimento ocorrido naquele momento do que neste, porque, quando comparado com o momento posterior, o momento anterior ainda está parcialmente por ocorrer.
Consequentemente, se desta linha do tempo infinita, composta de ilimitadas sucessões temporais, dispostas causalmente, retiramos arbitrariamente um trecho, cortando-a em dois pontos, podemos considerar, embora ilusoriamente, que há mais movimento ocorrido em um momento do tempo que é posterior ao outro, embora a própria noção de que há momentos posteriores e anteriores seja em si mesma enganosa, porque se todos os momentos são precedidos por infinitos momentos, isto é, se todos os momentos são igualmente precedidos por uma quantidade infinita de tempo, então não há, efetivamente, momentos posteriores e momentos anteriores. Ora, é evidente que esta distinção só é possível mediante o estabelecimento por deliberação de um ponto a ser tomado como o início de uma determinada marcação do tempo, mas uma vez que ele é definido e se ignora a infinitude do tempo, podem-se constatar velocidades diferentes de movimentos distintos, isto é, em uma determinada quantidade de tempo - ou seja, simultaneamente à ocorrência de uma certa quantidade de movimento - há maiores ou menores quantidades de outros movimentos. É isto o que significa a relatividade do tempo. O que pela ciência nos foi revelado ser relativo não é, portanto, o tempo entendido propriamente, mas o movimento ou, antes, um determinado referencial que existe enquanto realidade subjacente por detrás de todo movimento. É o próprio movimento, pelo menos de uma região específica do cosmos, que, ocorrendo de maneira sincrônica, obedece a um determinado ritmo que se desdobra, por sua vez, dos princípios constitutivos mais básicos do universo. Em outras palavras, tudo aquilo que é capaz de mover-se poderá se mover a diferentes velocidades. Ora, isto é óbvio! Se é o próprio universo ou a mente de um rato que o faz, pouco importa. (Ivan Preuss)
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